Denizard...  A Pintura em seus dons supremos é a presença de DEUS, a Música dos Mestres é a VOZ.

 

ARTE:

Quem a ver com olhos de VER e a ouve com ouvidos de OUVIR se aproxima de DEUS.

ARTE, MORAL OU AMORAL? - ¨ Faço minhas as palavras de Constâncio Vígil quando disse: ¨La inteligência humana reclama explicaciones que el animal no necessita¨. insaciável em seu desejos de aquisições intelectuais, perquirindo constantemente sobre todos os assuntos que se lhe apresentam, o homem nada pode abraçar ou amar antes de compreender. A compreensão é princípio universal. Assim, devassando o terreno árido, quiçá esplendoroso da Arte, somos levados às divagações mais variadas. Certo, não negaremos o justo valor que lhe cabe na história humana; há, contudo, problemas ao seu redor reclamam do estudioso observações profundas. Entretanto, avultam os de moralidade, amoralidade ou imoralidade da Arte. Lembrando Raul Pompéia, interessante pensar no que o autor de ¨O Ateneu¨ nos fala sobre a matéria: ¨Sonho, sentimento artístico ou contemplação é o prazer atento da harmonia, da simetria, do ritmo, do acordo das impressões com a vibração da sensibilidade nervosa. É sensação transformada¨. É, como até hoje, a Humanidade não aprendeu a bem nortear seus sentidos e a interpretar, com senso e equilíbrio, a utilidade regenerativa das suas emoções, a Arte se nos tem apresentado como revelação de princípios menos evoluídos. Houve época em que, ao falarmos no assunto, a ele relacionávamos as mais inferiores manifestações de caráter e de conduta; desta forma, a Arte, destinada à espiritualização, metamorfoseou-se em vulgaridade de expressão. Daí, o conceito de que nada de bom há produzido; a Ciência legou-nos suas leis e fenômenos; a Filosofia fez-nos melhores conhecedores de nosso destino, por meio do raciocínio; a Religião inundou-nos o coração de fé e confiança; só a Arte permanece desvirtuada no seio da sociedade, acusada de gerar males morais dos mais penosos, acoimada de destruir bons sentimentos na alma humana. À nocividade de certas obras artísticas, que, a pretexto de apresentarem caracteres doentios, descambam para a imoralidade e para o culto de emoções menos dignas, adubando terreno mais tarde propício à proliferação de novos germens morais, deve-se a degenerescência psíquico-social de determinadas criaturas, ainda não amadurecidas na direção a imprimir às suas idéias e aos seus desejos. Há quem diga, por exemplo, citando obras literárias, dos prejuízos causados pelo aparecimento do Werther de Goethe. O René de Chateaubriand e o Manfredo de Byron não escapam, também, a idênticas apreciações. Chamo como defesa, a palavra conceituada de Farias de Brito que buscava ver, no romantismo exagerado das obras em apreço, o sentimento da própria criatura em todos os tempos: ¨Werther,suicidando-se por não lhe ter sido permitido o amor de Carlota, não foi o produto híbrido de um cérebro doentio, porem, o símbolo vivo da humanidade¨. E embora as tendências a exacerbação, tais obras trescalam poesia e beleza a cada página. Nem a música escapa aos apupos dos menos conscienciosos e observadores: nela situam emoções que perturbam o ser, induzindu-o a loucura. A escultura, a pintura e a dança prestam-se, segundo dizem, para reverenciar o sexo. A este respeito, ouçamos o que o verbo respeitável de Emmanuel nos ensina: ¨Nenhum departamento da atividade terrestre sofre maiores aleives. Fundamente cego de espírito, o homem, de maneira geral, não consegue descobrir aí um dos motivos mais sublimes de sua existêcia¨. Não podemos abstrair das artes os atributos de que se vêem cercadas, mas podemos encará-los com a naturalidade necessária à sua renovação. A Arte, por si só, nada possui de imoral ou moral; é, essencialmente, amoral expressão máxima de beleza, aprimoramento de técnica, exuberância de sentimentos. Mister, isto sim, que esta exuberâcia possa enveredar por caminho seguro, sendo utilitarista e humana. Se a culpamos pela desvalorização moral do homem, como defenderemos a Ciência de ataques semelhantes? Qual a sua colaboração para a evolução dos Espíritos, se ela nos deu o canhão e a bomba atômica que se prestam à luta e à destruição? Veio, isto, de alguma sorte, desmerecer a sua importância? Mil vezes, não. Se de um lado nos oferece o caminho para o mal, por outro, sentimos a sua destinação constante para o bem, através de tantas descobertas e princípios que tem enobrecido o homem em sua marcha evolutiva. Outrossim, se no terreno artístico vicejam maus orientadores, sobejam os que bem empregam seus sentimentos de beleza com vistas à iluminação coletiva, cientes de que toda obra é semente que se transformará em árvore milagrosa e bendita. O que nos cumpre realizar-parece- é a reforma de conceitos estabelecidos no meio social, demonstrando, por intermédio do aprimoramento da Arte na infância, o velho mais sábio conceito de que ¨o mundo caminha pelos pés da criança¨. O trabalho será, portanto, o preparo evangélico para a adequada vitória da espiritualização da Arte, partindo, primeiramente, pela espiritualização do homem. Torna-se imprescindível compreender que a Arte é sublimação individual para o bem e emoção orientada para a harmonia coletiva e eterna¨.